A LONGA CAMINHADA

0 Vigilante Agora, conforme o jornal Agora São Paulo, edição do último dia 14, fez ampla e minuciosa inspeção em 150 bueiros da capital paulista. Resultado: dos 150 fiscalizados, 96 estavam sujos; 15 estavam em situação razoável; e 39 estavam limpos. E o que foi que a inspeção encontrou ali? Plásticos, copos e garrafas desse mesmo material, copos de papel, pratos de papelão, dentre outras coisas. Lixo, enfim. Em suma, atirados pelos  moradores e transeuntes, que, em seguida, reclamam das enchentes.

— A culpa é do governo! —— sentenciou o pequerrucho  que ouviu o pai ler a notícia para a mãe.

— Desculpe-me, meu filho. Não isento o governo de culpa, não.  Mas a educação é a disciplina  para a aventura da vida.

A limpeza é essencial para evitar as enchentes que fazem visitas com regularidade.  Mas se o povo demonstrasse educação —— não a educação formal de dar bom-dia, pedir desculpas e solicitar licença —— e compreendesse o que é viver em sociedade, soubesse demonstrar respeito pelo próximo, as coisas não teriam essa dimensão. Alguém já disse ou escreveu: para viver fora de sociedade o homem desde estar acima de Deus ou abaixo dos símios.

De fato. Se nós considerarmos que nossa gente já não recebe mais a educação tradicional em casa e na escola;  se considerarmos que quem educa as pessoas, hoje, é a Internet e a tevê;  veremos que os seres humanos vêm para a o dia a dia  desprovidos de qualquer noção do que é viver em sociedade. Daí os atiradores de lixo pelas janelas dos carros, os carros de som na madrugada que poluem o ambiente, importunando os que pugnam por  noite tranquila; os que, no trânsito, fazem manobras que revelam (há  princípio consagrado que diz que a pessoa dirige do jeito que vive….) Por aí. E dizer que já em 1.971, a Lei de Diretrizes e Bases já sentenciava que a educação é dever de todas as unidades políticas,  em todas as áreas, das empresas, da família e da comunidade geral (artigo nº 41, Lei 5.692/71).  Frank e Ernst, personagens de tira humorística,  de Bob Thaves,  publicada no  Estadão,  edição de 17.07.12, deixam consignado: «Esta tevê a cabo  tem todos os canais de esporte e entretenimento. Nenhum canal  de notícia. É o pacote chamado a ignorância  é uma bênção».

Certa feita, recebi, em meu e-mail,   clip onde  executivo brasileiro foi em companhia de um CEO —— não me lembro se o palco dos acontecimentos era Suíça ou, quem sabe,  em  país da Escandinávia —— a uma empresa, cujas atividades se iniciavam às sete da manhã. Como chegaram com antecedência, o CEO estacionou o carro longe, bem longe da entrada principal. O brasileiro não entendeu bem o porquê. E indagou.   Recebeu, incrédulo, a resposta:

—— Como chegamos antes, temos que deixar espaço para os que chegam mais próximos da hora de entrada: assim, eles têm lugar fácil para estacionar e não lutarão com dificuldades…

Isso poderia figurar como   capítulo de  nossa história?

É notório que, no exterior, quando excursão do Brasil chega, os locais se previnem. Alguns, como na Bélgica, chegam a fechar as portar para que os brasileiros não entrem… Quando o Brasil jogou  contra os Estados Unidos, na Copa de 1.994,  eu e minha mulher estávamos na França. No momento em que nosso time marcou o gol, os jovens que excursionavam com a Tia Augusta explodiram em manifestação frenética: pulavam nos assentos das cadeiras, das poltronas de mármore e veludo. Como se fossem animais irracionais.

Já em 1.964,  quando o Brasil se sagrou campeão, derrotando a Itália, o Hotel não permitiu que os brasileiros assistissem à partida juntos, num só recinto. Que cada qual assistisse  ao jogo em seu próprio apartamento. Era  merecida sentença…

Já que o tema é Copa do Mundo, na Suécia, na partida final, os suecos aplaudiam o seu time com entusiasmo. Na medida em que o jogo foi mudando de contexto, para dar ao Brasil, o primeiro título de campeão do mundo, os suecos, de pé, aplaudiam a arte dos jogadores do Brasil.

Tenho comigo  gravação do inimitável, insuperável e insubstituível Zé Vasconcelos. Diz assim a gravação:  turista brasileiro aproximou-se de um guarda e indagou:

—— «Seo»  guarda, qual a coisa mais selvagem que o senhor conhece aqui em Nova Iorque?

Resposta:

— Turista brasileiro!

O agradecimento veio em Espanhol, por razões óbvias.

— Gracias, muchas gracias!

Esta entrada foi publicada em Crônicas. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.