UM REI EM WASHINGTON

 

Ao todo, Hilary Clinton  obteve 59.814.018  votos.    Trump ficou com 59.611.678.      Duzentos mil votos a  menos.          A democrata ganhou, assim,  no voto popular.  Consolidou-se a candidata   na preferência dos milhões de americanos que foram às urnas no 8 de novembro. Entretanto, o maior número de votos não foi suficiente para levá-la à Casa Branca.  Mas —— e esse é um grande mas! —— o sistema americano de colher votos dos delegados deu vitória ao derrotado nas urnas. E é assim, hoje, que ele está ocupando a cadeira que um dia  foi de Abraham Lincoln.

A ele, pelo que se depreende de seu comportamento, não foi dito que o melhor governo é aquele em que ninguém é superior à lei. Pelo visto, o egoísmo, o personalismo e o egocentrismo não precisam de modelos para se desenvolver.  É evidente. Tanto é que está no ar  sua disposição de fazer um muro no «south of the border», a fronteira com o México. Diz ele que, «quando o México manda seu povo aos Estados Unidos, mandam (sic) pessoas que têm um monte de problemas e trazem estes problemas para nós. Eles trazem as drogas, trazem o crime, são estupradores». Daí a iniciativa. Será que ele vai ele  repetir o 11.08.61,  inaugurando construção dotada de guaritas, abrigando franco-atiradores,  armas potentes, ladeada de arame farpado,  cercas intransponíveis, à semelhança do muro de Berlim? Não nos admiremos  se ele pedir a planta da construção para Berlim Oriental.  Isso  se  ela não desapareceu no 9 de novembro de 1.989, quando aquele monumento à irracionalidade caiu, pondo fim à guerra fria.

Trump criticou, em uma de suas falas,  a China,  dos principais mercados dos americanos,  «por roubar emprego dos americanos».

Disse que vai bombardear o Estado Islâmico «até mandá-los (sic) para o inferno».

Trump é avalista da ideia  «tortura é pouco». Defende  o restabelecimento da tortura por simulação de afogamento em suspeitos de terrorismo, «como também aplicaria técnicas muito piores».

O que Trump pretendeu dizer com aquilo que vamos registrar a seguir dá azo à imaginação: defende ele o banimento de viajantes aos Estados Unidos! Seria essa mensagem aos turistas? Vestígio disso já apareceu no noticiário desta semana: a obtenção dos vistos americanos sofreu alterações. Ora, para os Estados Unidos o turismo é indústria portentosa. Que se consulte  Las Vegas. Que se consulte o conglomerado Disney.Que se consulte Atlantic City. Por aí.

Certa feita ele desafiou: «se você não ficar rico ao lidar com políticos, há algo de errado com você».

Também não vacilou quando afirmou que «o conceito de aquecimento global foi criado pelos chineses para as fábricas americanas não conseguirem competir».

Modestamente, desculpou-se: «Que me desculpem os perdedores, mas o meu QI é um dos mais altos. E vocês sabem disso. Por favor, não se sintam estúpidos ou inseguros. A culpa não é de vocês».  Como se vê, parece ser ele  incapaz de defender a si próprio de si mesmo.

As decisões judiciais quanto ao êxodo que ele promete impor aos estrangeiros lá residentes brotam em vários pontos da nação americana. Elas podem tapar  o olho do vulcão mental, mas não abrandarão as chamas subterrâneas!

Até o dia 19 de janeiro último, o povo americano podia pedir a Deus, com o fez Rabindranath Tagore: «nesse céu de liberdade, meu Pai, permita que o meu país desperte!»

A revista Veja desta semana dá Trump como ameaça à própria  democracia. Por não haver bom clima nesses ares, tomara que  não tenhamos, jamais, que implorar: «Deus salve a América»!

Jamais.

 

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