Confesso minha perplexidade, mas os fatos estão nos livros. E valem pelo seu conteúdo. Dos cinco, três falam diretamente do personagem central: Lula. Os outros dois falam dele indiretamente.
Larry Rother, jornalista norte-americano, ex-correspondente do jornal a seguir mencionado, em «Deu no New York Times» (Objetiva), diz que «em maio de 2005, exatamente um ano depois de ser forçado a recuar de minha expulsão, Lula embarcou para uma viagem para a Ásia Oriental, visitando a Coréia e o Japão. Ao chegar à embaixada brasileira em Tóquio, Lula pediu uma ‘dose caprichada de uísque com gelo’ e antes mesmo do início do jantar […] manda servir o segundo, o terceiro e o quarto copos. Quando está na metade do quarto uísque, ele começa a fustigar os países vizinhos e seus líderes, usando linguagem chula, que deixa os outros brasileiros presentes —— diplomatas, ministros, assessores, deputados, senadores —— visivelmente constrangidos. ‘Tem hora, meus caros, que eu tenho vontade de mandar o Kirchner para a (e, aí, menciona a famigerada construção de três palavras impublicáveis), ele começou, referindo-se a Nestór Kirchner, seu colega argentino». Em seguida, fulminou com palavras, continuando a atingir os circunstantes como impacto físico, as pessoas e a postura pessoal dos presidentes do Uruguai e do Chile. «Corri risco de morte», declarou o repórter. O fato é que o tom da figura central desafina qualquer orquestra.
José Nêumanne Pinto, repórter especial da Folha de São Paulo, chefe de redação do Jornal do Brasil, editor de política de O Estado de S. Paulo, chefe dos editorialistas do Jornal da Tarde, editorialista e articulista de O Estado de São Paulo, comentarista na Rádio Estadão, em «O que Sei de Lula» (Topbooks) nos diz que «a 4ª palavra é esta: separar; separar o povo do poder, o Estado da Nação, o Brasil utópico do Brasil bárbaro, o pais oficial do país real». Acrescenta, referindo-se ao depoimento de Lula sobre o médico do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), que o atendeu na remoção do dedo mínimo: «o narrador do episódio, seu protagonista, nosso protagonista, não transmite a melhor imagem do profissional que o atendeu, ao lembrar que, mesmo tendo seu dedo apenas esmagado parcialmente no acidente (jamais explicado com clareza), a solução radical seria mais prática para evitar complicações com gangrena». E mais adiante: «os inconformados adversários de Lula atribuíram o acidente a uma decisão voluntária de amputação para a cobrança de indenização e, até, se fosse o caso, o direito à aposentadoria precoce por invalidez». Lula «recebeu uma indenização. Apesar de seu empregador não ser uma empresa da indústria automobilística multinacional, ele conseguiu Cr$ 350 mil, empregados na compra de imóveis para a mãe e de um terreninho na periferia». No parágrafo seguinte, o autor conta que a empresa cerrou suas portas e nunca admitiu que o acidente que teria esmagado o dedo mínimo de Lula ou algo similar teria ocorrido em suas dependências. Lá na frente, Nêumanne acrescenta que «Lula passou a ser acusado de nunca ter trabalhado na vida», pois «a vida sindical o conduziu à militância remunerada». «O Lula de então já era o Lula de sempre: acusações vagas e o corpo fora: ‘Eu não sei, eu não vi, mas contaram”.
Eduardo Scolese, repórter da Folha, e Leonencio Nossa, repórter do Estadão, em «Viagens com o Presidente», feitas pelo mundo em sua companhia, contam que «numa audiência com a então Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na época em que o governo começa a discutir a transposição de parte das águas do Rio São Francisco, o presidente ouve atentamente a opinião contrária dela às obras e os argumentos favoráveis dos técnicos da área. Após ouvi-los, Lula consola a ministra: ‘—— Marina, essa coisa de meio-ambiente é igual a um exame de próstata. Uma hora eles vão ter que enfiar o dedo no (menciona expressamente o nome do departamento físico, com publicação imprópria, aqui) da gente. Então, companheira, se é para enfiar, que enfiem logo». E, noutro capítulo, mencionam que «Lula se aproxima de seu assessor para assuntos internacionais, o professor universitário Marco Aurélio Garcia, e diz, na maior desconcentração: —— Marco Aurélio, eu já mandei você tomar no (e aí menciona o nome do departamento, com publicação inadequada neste texto) hoje?
O professor sorri».
Salta aos olhos. Essas não são qualidades que caracterizam qualquer governante. Para administrar o bem público, o homem precisa ser honesto, inteligente e realizador.
Dois outros livros, por sua vez, falam indiretamente do personagem em evidência. São eles: «O Corpo Fala» (Vozes), de Pierre Weill, educador e psicólogo, e Roland Tompakow, analista da figura humana, e «Decifrar Pessoas, Como Entender e Prever o Comportamento Humano» (Alegro), de Jo-Ellan Dimitrius, PhD. e consultora jurídica, e Mark Mazzarella, advogado criminalista. As duas publicações, em mensagem similar, com palavras acaso diferentes, recomendam aos leitores que passem a ser atentos observadores. As coisas nunca são o que parecem ser, dizem. O corpo das pessoas, pelo seu comportamento em dado momento, fala mais alto que qualquer vociferação. Assim, valendo-me da orientação para decifrar, quando observo o desempenho do Lula lamuriante, entristecido, fisionomia ensimesmada, cabelo desgrenhado, cenho cerrado, olhos fechados, balbuciando, falando como um pedinte, revoltado com o caminhar do andor, vejo claramente o que há por trás da cena: ele está interpretando um papel. O papel de coitado, com disposição de ganhar simpatia, com vontade de que sintam pena daquilo que injustamente «estão fazendo com ele». Chego mesmo a imaginar, quando ele assim se porta, a vontade que ele deve sentir de fazer suas as palavras de Nero, ao se suicidar:
Qualis ariefix pereo!
Que artista estás perdendo!
Perplexa também, este indivíduo é um verdadeiro lixo.